A transição de um paciente para o ambiente domiciliar após uma internação ou tratamento prolongado requer mais do que organização física: é um exercício de cuidado, empatia e planejamento estratégico. Segundo especialistas em saúde domiciliar, uma casa adaptada e funcional pode ser a chave para promover a recuperação e o bem-estar do paciente. Mas como preparar esse espaço de forma acolhedora e eficiente? Vamos abordar o tema de hoje com um olhar atento para as necessidades práticas e emocionais desse momento.

A medicina ao longo dos séculos avança na sua perspectiva biopsicossocial de análise, o ser humano não é apenas os sintomas que se apresentam, a doença que é diagnosticada, ele é um complexo de diversos fatores internos e externos que o tornam único, de forma que o seu ambiente e as suas relações afetivas influenciam diretamente no tratamento da doença. Diante dessa perspectiva, não se pode analisar o paciente apenas baseado no seu histórico clínico, mas deve levar em conta também a importância da convivência social para promover maior eficácia do tratamento.

Quando se pensa em um hospital, a maioria das pessoas imagina um ambiente branco, frio, com pouca interação e silêncio absoluto. Nos hospitais de transição, a experiência é transformada por um conceito fundamental: a humanização do ambiente. Mais do que cuidados clínicos, esses hospitais oferecem uma estrutura focada em proporcionar aos pacientes um ambiente acolhedor e próximo ao conforto de um lar, promovendo uma recuperação que envolve corpo e mente.Para os profissionais de saúde em hospitais de transição, a criação de um ambiente humanizado não é apenas um conceito filosófico, mas um componente essencial que transforma o cuidado e o engajamento no tratamento. Ao incorporar elementos como atendimento empático, adaptação sensorial e suporte emocional, os profissionais conseguem proporcionar uma abordagem de cuidado centrada no paciente. Essa estratégia impacta diretamente na adesão ao tratamento e no bem-estar do paciente, o que, por sua vez, influencia positivamente os indicadores de saúde e qualidade do serviço prestado.

A transição do hospital para casa é um momento delicado e desafiador para muitos pacientes e suas famílias. Em hospitais de transição, onde o foco está na recuperação e no fortalecimento dos pacientes antes do retorno ao lar, o objetivo central é reduzir ao máximo o risco de readmissões hospitalares e, ao mesmo tempo, promover a autonomia e qualidade de vida do paciente. Para os profissionais da saúde, adotar estratégias eficazes de transição de cuidados é essencial para alcançar esses objetivos.

O AVC chega semaviso, como um ladrão na madrugada, subtraindo o tempo, a mobilidade, a voz, ossonhos. Para quem atua na linha de frente, é uma corrida contra o relógio, ondecada segundo que passa faz o cérebro gritar por oxigênio e os neurônios sedespedirem um a um, numa espécie de tragédia em câmera lenta. E, francamente,ninguém precisa de estatísticas para entender a seriedade disso – sabemos,sentimos. Quem já viu o olhar de um paciente que perdeu tudo em poucos minutosconhece bem o peso desse desafio.‍

O comprometimento, a compaixão, o sentimento que gera uma perda, na maioria das vezes esses e muitos outros sentimentos não são vividos exclusivamente por parte da rede de apoio do paciente, mas também pelos profissionais que se comprometem em melhorar a qualidade de vida e o bem-estar do paciente durante o tratamento. Sendo assim, uma perda é uma perda para todas as pessoas que se envolvem no processo, e o luto também é vivido por quem cuida enquanto profissional.

Um estudo realizado no Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), em Portugal, publicou esse ano uma revisão sistemática sobre a avaliação de percepção do sofrimento de pessoas que estão em tratamento em cuidados paliativos . Os estudos relevam que o sofrimento, apesar de ser único, tem como predomínio na literatura o sofrimento não somático, em que a intensidade está diretamente ligada às vivências pessoais.Nos atuais estudos a dor possui um caráter de completude da condição humana, onde é abarcada o conceito em vários âmbitos: emocional, social e espiritual, visto que atualmente o dimensionamento da avaliação se torna muito mais complexo, com a necessidade de métodos mais elaborados e com um olhar complementar para todos os aspectos da vida da pessoa doente, a fim de compreender a sua trajetória de vida. Neste sentido, os cuidados paliativos não possuem interesse em trabalhar apenas para o alívio da dor, capaz de ser analisado, medido e administrado de forma clara e através de diversos estudos científicos. O alívio do sofrimento busca compreender como os aspectos únicos, e complementares, da vida do paciente influenciam direta e indiretamente no processo do tratamento.‍

Um Hospital de Transição, assim como um hospital clínico, possui como uma das suas principais funções o gerenciamento da dor, visto que mesmo após a alta de um paciente do hospital, ainda sim existem outros muitos quadros de dor aguda e crônica, principalmente nos casos de pacientes em cuidados paliativos. Sendo assim, esse é um trabalho que exige que a equipe profissional obtenha uma gama de estratégias diferenciadas para poder atender as demandas específicas de cada paciente.

Quando vivemos a experiência de adoecimento de um familiar, esse nunca é um desafio individual, mas sim uma experiência coletiva de todas as pessoas envolvidas com o paciente, pois exige diversos tipos de estratégias, como o auxílio de uma rede de apoio para oferecer uma recuperação de sucesso, além da preocupação com o bem-estar do paciente. Desta forma, o atendimento na área da saúde nunca é apenas com o paciente, mas deve incluir também a sua rede de apoio, tanto para orientação quanto para acolhimento, por isso iremos abordar hoje um pouco mais sobre essa comunicação realizada junto dos familiares.

É muito importante compreender que tipo de cuidado o nosso familiar pode precisar, embora seja muito bom estar de volta em casa, nem sempre essa é a opção mais viável e que irá trazer os resultados mais benéficos para a sua recuperação. É necessário ressaltar que o hospital de transição, quando possui o foco na reabilitação, é temporário, de forma que o foco principal é um retorno qualificado, seguro e confortável, por esse motivo, iremos abordar um pouco mais sobre a diferença dos cuidados que são realizados dentro de um espaço de transição e dentro do domicílio.

Um dos trabalhos realizados no Revitare tem como foco a reabilitação, a fim de buscar o auxílio do paciente para o retorno ao domicílio com a devida segurança, conforto e autonomia, mas apesar disso, também existem estratégias específicas que são importantes para garantir a diminuição da reinternação e hoje iremos abordar um pouco sobre elas.

A terapia ocupacional é uma área do saber que trabalha com a promoção da saúde e bem-estar por meio da ocupação humana. O terapeuta ocupacional ajuda pessoas de todas as idades a participar das atividades diárias que são importantes para elas, promovendo assim a independência, a funcionalidade e a qualidade de vida. Sendo assim, no hospital de transição, o profissional de T.O é o responsável por auxiliar os pacientes na reabilitação para exercer as atividades da vida diária de forma autônoma, com segurança e de forma progressiva através do acompanhamento realizado.

Nos últimos tempos, a saúde e a recuperação dos pacientes têm evoluído de maneira significativa, e um dos avanços mais notáveis, estão relacionados aos hospitais de transição. Desempenhando um papel importante no processo de cuidados ao atender pacientes que, embora não necessitem mais de cuidados intensivos, ainda não estão prontos para retornar ao lar ou para uma instituição de cuidados prolongados. Neste contexto, a fisioterapia emerge como uma ferramenta vital para ajudar esses pacientes a alcançarem uma recuperação adequada e a retomar uma vida mais independente.

A espiritualidade é um conceito reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos fatores que fazem parte da concepção de saúde. Ela não está restrita a pessoas que possuem uma religião ou seguem alguma filosofia de vida específica. No contexto da espiritualidade, trata-se da maneira como enxergamos a vida e nos conectamos com nós mesmos e com os outros de maneira ampla. A espiritualidade oferece às pessoas um sentido de propósito na vida, além de ser uma forma de enfrentar as dificuldades de maneira mais resiliente.

A intervenção em cuidados paliativos é uma abordagem que visa o conforto, o bem-estar e o apoio ao paciente que vivencia uma doença, para alívio do seu sofrimento, com uma identificação precoce do diagnóstico, além de oferecer suporte para a rede de apoio do paciente.

O Revitare é um Hospital de Transição, sendo este um serviço destinado para diversos tipos de cuidados que vão além do cuidado hospital, mas com todo o conforto de uma casa, sendo eles: reabilitação, cuidados paliativos e cuidados prolongados.

Nós temos um costume cultural de compreender dois espaços de cuidado: hospital e casa, sendo que um suprime o outro quando há necessidade de mais ou de menos cuidados. Apesar dessa cultura, na verdade existe um intermédio na transição do hospital para a casa...